Planilhas da JBS registram repasses de R$ 1,1 bilhão a centenas de políticos

Reportagem da revista Época teve acesso a documentos que detalham pagamentos feitos a figurões da política nacional, como Michel Temer, Aécio Neves, Eduardo Cunha e ex-ministros do PT.

Documentos publicados pela revista Época neste sábado (29) revelam como funcionava a contabilidade da propina do grupo JBS a políticos e partidos de todo o Brasil. Planilhas com o detalhamento dos pagamentos fazem parte do material que a empresa entregará à Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte de seu acordo de delação, segundo a revista.

As tabelas têm informações que abrangem desde a eleição municipal de 2006 até a campanha de 2014. Nos últimos 11 anos, os repasses chegaram a R$ 1,1 bilhão, de acordo com os papéis. Mais precisamente, R$ 1.124.515.234,67. Desse volume extraordinário de pagamentos, R$ 301 milhões ocorreram em dinheiro vivo e R$ 395 milhões por meio de empresas indicadas por políticos. Houve, por fim, R$ 427,4 milhões em doações oficiais. A empresa também apresentará comprovantes bancários, notas fiscais e contratos.

A pedido do presidente Michel Temer (PMDB), diz a revista, foram distribuídos R$ 21,7 milhões para aliados. Também são mencionados o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com recebimento de R$ 50 milhões, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), com R$ 18 milhões, entre outros. Para o PT, de acordo com os documentos, foram US$ 151 milhões pagos no exterior e R$ 111,7 milhões no Brasil.

O executivo Ricardo Saud, delator da JBS, já havia revelado o pagamento de propina a 1.829 candidatos eleitos. Procurados, os políticos citados negaram envolvimento no esquema e afirmaram só receber doações legais.

Segundo a reportagem de Época, ao invés de utilizar um esquema sofisticado para cuidar do sistema de propina da empresa, como fazia a Odebrecht, a JBS contava com os dois funcionários. Demilton de Castro era quem cuidava das planilhas com os gastos e Florisvaldo de Oliveira, que trabalhava para Ricardo Saud, se encarregava das entregas.

Em setembro de 2014, eles teriam entregado R$ 1 milhão em propinas para o atual presidente. Quem ficou responsável por receber o valor foi João Batista Lima Filho, chamado pela revista de “coronel faz-tudo de Temer”. A JBS gastou mais de R$ 600 milhões na campanha de 2014, destes R$ 433 milhões em doações legais. Na campanha de 2014, 27 partidos receberam dinheiro da JBS em todos os estados do país.

Foram detectados também pagamentos ilícitos para empresas indicadas por Temer e José Serra (PSDB-SP) na campanha de 2010. Outros que aparecem nos documentos são: Eunício de Oliveira (PMDB-CE), Gilberto Kassab (PSD-SP), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Helder Barbalho (PMDB-PA) e Marcos Pereira (PRB), eles teriam recebido R$ 18 milhões até 2016. Antonio Palocci (PT) teria recebido a quantia de R$ 1 milhão em 2010.

Com o “investimento” na política, a JBS cresceu, entre 2006 e 2014, 2.800% em receita líquida. As quantidade gasta em propina também teve um aumento, foram 4.900% a mais de repasses ilegais. A maioria dos pagamentos era feita com dinheiro em espécie. No ano em que Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito, a JBS pagou um total de R$ 12,5 milhões em propina. Em 2014, ano da reeleição de Dilma Rousseff, foram R$ 617 milhões.

Fonte: Gazeta do Povo

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