Thomas de Toledo
Depois de ver que o presidente do Facebook Brasil está no grupo dos 5 bilionários que sozinhos têm mais dinheiro do que 100 milhões de brasileiros, uma conclusão ficou clara: esta rede social está totalmente comprometida com o projeto de desmonte da nação, inaugurado pelo golpe. Como sabemos, o que ocorre no Brasil de Temer beneficia exclusivamente aos muito ricos. Uma empresa do porte do Facebook não tem opinião, tem interesses e este governo é subserviente a tudo o que bilionários demandam, principalmente o capital estrangeiro. Alguém acredita que uma empresa como o Facebook não tem uma equipe de lobistas trabalhando em Brasília para apresentar sua pauta a ministros e parlamentares? Não tenham dúvidas! O que ela oferece em troca? Informações e controle social.
Definitivamente, o Facebook não é um espaço democrático. O algoritmo e os gigantescos negócios envolvidos fazem com que a rede dê visibilidade ao que lhe interessar. Snowden e Assange cansaram de dizer isso. Quem paga ou fala o que a empresa deseja, é promovido e tem público. Quem fala o que desagrada e não paga, fica com sua pequena bolha.
Notaram o que acontece no Brasil desde 2013? Aliás, esse fenômeno não é local, mas mundial. Egito, Tunísia, Ucrânia e Venezuela são exemplos de países onde golpes foram e são realizados com ajuda do Facebook. Trump ganhou fazendo uma campanha fria e calculista baseada em algoritmo de redes sociais, Dória usou as mesmas técnicas no Brasil e Bolsonazi virou “mito” por que seus robôs repetem mil vezes suas mentiras até se tornarem “verdades”. Algum dia, historiadores desvendarão o papel do Facebook na ascensão das ideias de extrema direita no mundo.
Mas voltando ao caso do Brasil, a coisa pode piorar. Se ocorrer uma nova ditadura, o Facebook instalado no celular tem permissão para localizar o usuário em tempo real. Alguém duvida de que se ele for solicitado, deixará de atender às “autoridades”? Se eles já fazem isso pra empresas privadas e para o governo dos Estados Unidos, por que não fariam com os ditadores daqui?
O fato é que estamos como peixes aprisionados numa rede. O Facebook, o Whatsapp, o Messenger, suas notificações e compromissos gerados fazem com estejamos o tempo todo sendo requisitados a acessar a plataforma. Quanto mais escrevemos nestes ambientes, mais trabalhamos de graça para gerar conteúdo. O que ganhamos em troca? Curtidas que enchem nosso ego de prazer, mas que na verdade é o que nos aprisiona pela vaidade. Enganados pelo desejo de se mostrar ao público o que o jogo de aparências exige em troca de curtidas, estamos entorpecidos.
Mas praticamente todo mundo está no Facebook. O que fazer para comunicar com as pessoas? Não sei. Mas algo precisa ser feito ou seremos escravizados voluntariamente. Que tal experimentar o Diáspora e usar mais o Telegram?
Há tempos, eu tinha uma página pública no Facebook que alcançou muitos milhares de seguidores. As postagens chegavam a milhares de curtidas e compartilhamentos. Manter isso, exigia uma dedicação que me prejudicou nos trabalhos e estudos. Sem querer, virei figura pública, para o bem e para o mal. Como não queria me candidatar a nada nem viver da fama, decidi diminuir minha presença virtual e fiquei apenas com a página pessoal. As postagens reduziram significativamente a abrangência, mas foram voltando a crescer. Agora, tomo a decisão alimentar ainda menos essa rede. Por isso, reduzirei a frequência de escritos. Nada será como antes…
Fonte: Esquerda Caviar
