Defesa dos bancos públicos ganha a América Latina

Documento final da IV Reunião da Aliança Latino-Americana em Defesa dos Bancos Públicos endossou apoio à campanha Se é Público, é Para Todos, que denuncia e organiza a luta contra as intenções privatistas do governo Temer .

O documento final da IV Reunião da Aliança Latino-Americana em Defesa de Bancos Públicos, realizada em Montevidéu (Uruguai) nos dias 14 e 15, endossou o apoio da entidade à campanha Se é Público, é Para Todos, que tem o objetivo de denunciar e lutar contra os intuitos privatistas do governo Temer em relação às empresas públicas brasileiras, entre elas bancos como a Caixa, Banco do Brasil e BNDES. A Aliança reúne movimentos sindicais bancários de Trinidad e Tobago, Santa Lucia, Bahamas, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Nicarágua e Estados Unidos no âmbito da UNI Américas Finanças. 

“Esse apoio dos companheiros de toda a América Latina, reunidos na UNI Américas Finanças e Aliança Latino-Americana em Defesa de Bancos Públicos, é fundamental para a luta dos trabalhadores e da sociedade brasileira na defesa das suas estatais, em especial dos bancos públicos, cruciais para a população e o desenvolvimento do país”, diz o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.

O documento apresenta logo no início a preocupação das entidades reunidas em Montevidéu com o avanço do neoliberalismo em todo mundo, especialmente na América Latina, dando especial destaque para os ataques aos trabalhadores brasileiros com a reforma trabalhista de Temer; e ao governo Macri, da Argentina, que também ataca estatais e reduz direitos.

 “Continuamos a ver com preocupação o risco iminente de privatizações de empresas e serviços públicos em nível continental, tais como as ações implementadas pelo executivo brasileiro para liquidar as dívidas dos estados em troca da privatização dos bancos estaduais. Isso é agravado pelo desmantelamento dos bancos federais e pela ameaça de privatização”, destaca o documento.

Importância dos bancos públicos – O documento traz também uma breve descrição sobre o papel dos bancos públicos para a sociedade.

Dentre os pontos destacados estão: em momentos de crise, é o banco público que apoia a economia; são responsáveis pela assistência à produção, impulsionando a economia através do crédito às micro, pequenas e médias empresas; regulam taxas de financiamento das diferentes linhas de crédito oferecidas pelo mercado, permitindo assim desenvolver a economia com inclusão social; atuam em regiões nas quais bancos privados não tem interesse; são catalisadores para a produção, emprego, habitação, consumo, comércio exterior, indústria, agroindústria, economias regionais, desenvolvimento de cidades, investimento do Estado em infra-estrutura, desenvolvimento tecnológico e logística, assistência social e melhor integração regional entre países vizinhos; contribuem para reduzir a concentração bancária; fazem parte de um setor estratégico para garantir a democracia, soberania nacional e políticas públicas redistributivas.

“Os bancos públicos são ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento econômico, redução da desigualdade e bem-estar da população. No Brasil, por exemplo, a Caixa opera diversos programas sociais com o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, gere o FGTS, e é responsável por 66% dos financiamentos para a habitação. Já o BB responde sozinho por 70% do crédito para a agricultura familiar, que fornece 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros”, enfatiza Dionísio, lembrando ainda da crise econômica internacional de 2008, quando os bancos públicos adotaram medidas anticíclicas, ampliando e barateando a oferta de crédito, permitindo assim que o país atravessasse o período sem grandes prejuízos.

Neoliberalismo – O documento aponta ainda o modus operandi do neoliberalismo, que se repete em toda a América Latina, para acabar com os bancos públicos.

São quatro passos: a descapitalização dos bancos públicos, criando uma narrativa de ineficiências das instituições; precarização, terceirização e redução de quadro de funcionários; eliminação do papel social, igualando o banco público ao banco privado; gerar deliberadamente insatisfação entre a população com os serviços oferecidos pelos bancos públicos.

“O roteiro é o mesmo em todos os países onde o neoliberalismo avança. A grande jogada desses governos neoliberais é precarizar para privatizar. É exatamente o que vivemos hoje no Brasil com o governo Temer”, diz Dionísio.

Considerações finais – Por fim, o documento da IV Reunião da Aliança Latino-Americana em Defesa dos Bancos Públicos declara que os bancos públicos “devem ser protegidos e promovidos para benefício das nações e seus habitantes”.

O texto apresenta como encaminhamentos a continuidade do apoio à campanha Se é Público, é Para Todos; assistência real nas demandas de lutas dos países que compõem a UNI Américas Finanças; e a criação do Observatório de Bancos Públicos da América Latina.

Foi aprovada ainda moção de repúdio, atendendo solicitação da Contraf-CUT, ao governo ilegítimo de Temer.

“Para defender os bancos públicos, os trabalhadores e a soberania das nações latino-americanas diante do avanço neoliberal é indispensável que o movimento sindical se mobilize cada vez mais internacionalmente. Se o capital se organiza globalmente, a resistência dos trabalhadores também deve ser internacional”, conclui Dionísio.

Fonte: SP Bancarios

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