Patrões poderão portar armas em suas empresas: Coroada a Reforma Trabalhista.

O decreto do presidente Jair Bolsonaro, que facilita a compra, a autorização e posse de armas, tem um item que deveria ser visto com mais atenção quanto à relação de trabalho e mão de obra no Brasil. Após a reforma trabalhista, que praticamente inviabilizou contestações judiciais por parte do empregado, abriu caminho para relações de subordinação em contratos liberais e ceifou diversos direitos do trabalhador, a coroação de toda a estupidez possível contra o trabalhador, foi o decreto de hoje.

A regulamentação assinada por Bolsonaro, não só libera a obtenção de armas em residência, bem como, no ambiente de trabalho desde que a pessoa em questão seja a responsável legal pelo estabelecimento. Em resumo, somente o dono da empresa, ou qualquer pessoa ao qual o patrão tenha delegado função legal de responsabilidade trabalhista, como gerentes, diretores e encarregados, poderão portar armas no ambiente profissional.

Tal medida abre caminho, em conjunto com a alteração da tipificação do trabalho escravo, cuja classificação restringiu como trabalhos análogos à escravidão, somente quando há coação por arma de fogo. Mas, o novo decreto autoriza o uso da arma em ambiente de trabalho. O resultado, principalmente, no campo, onde propriedades produtivas e residenciais se confundem, criará verdadeiros arsenais em posse autorizada em grandes e extensas porções de terra. No médio e longo prazo, surgirão feudos e capitanias no modelo dos antigos coronéis e barões.

No ambiente urbano, patrões portando armas darão ordens a empregados coagidos a não questioná-las, nem presencialmente, nem judicialmente. A simples presença da arma de foco serve como ameaça à vida e, portanto, serve como forma de opressão velada. Mesmo que o patrão jamais a use, sua presença construirá um péssimo ambiente de convivência que, em vias de regra, remonta as condições de trabalho no final do século XIX e início do século XX, cuja culminância foram revoluções como a de 17, na Rússia, a greve geral de 1917, no Brasil e a carnificina na indústria Carnegie, nos EUA, com dezenas de mortos. A ampulheta está virada.

Fonte :  Apostagem

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