É gigantesco o lucro acumulado dos bancos brasileiros nos últimos 13 anos. Somente os cinco maiores (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) de 2003 a 2015 alcançaram a incrível marca de R$ 635,2 bilhões de lucro líquido, já descontada a inflação, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O levantamento mostra que os resultados foram se tornando cada vez mais expressivos. No período de 2003 a 2010 (oito anos), com a economia crescendo, o lucro acumulado destes bancos foi de R$ 310,5 bilhões, uma média de R$ 38,8 bilhões a cada ano. De 2011 a 2015 (cinco anos), mesmo com a economia “patinando” e estagnando a partir de 2014, os resultados continuaram crescentes, com os lucros atingindo o incrível montante de R$ 324,7 bilhões, um lucro médio de R$64,9 bilhões a cada ano.
O Dieese frisa que estes números mostram uma notável elevação do patamar dos resultados destas instituições, e que, portanto, a pequena redução de 18,7% no lucro do primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, não deveria dificultar a negociação do reajuste salarial e de outras reivindicações feitas pelos bancários na negociação em curso.
O estudo demonstra que este “freio” na série de lucros recordes não significa que os bancos estão em dificuldades, tal como vem acontecendo com outros setores da economia, devido à recessão.
Muito pelo contrário. Enquanto a soma do resultado das mil maiores empresas brasileiras, segundo levantamento elaborado pelo jornal Valor Econômico, mostrava prejuízo de R$ 81,6 bilhões em 2015, os cinco maiores bancos lucravam R$69,6 bilhões. Segundo o Dieese, a pequena redução nos lucros do sistema financeiro, portanto, precisa ser relativizada, já que eles se encontram num patamar muito elevado. Rentabilidade e nível de emprego.
O mesmo acontece com a rentabilidade, índice que mede o desempenho de uma empresa. O Dieese constata que este indicador também sofreu uma pequena redução, devendo ser igualmente relativizada já que os grandes bancos mantiveram este indicador em patamares elevadíssimos ao longo dos últimos anos. Maior até que os dos maiores bancos com sede nos Estados Unidos, conforme estudo da consultoria Economática.
O estudo mostra que a rentabilidade dos bancos brasileiros com ativos acima de US$ 100 bilhões, entre 2010 e 2015, foi, em média, o dobro dos norte-americanos. O documento da Economática também revela que, em 2015, de um ranking de 20 bancos brasileiros e dos EUA, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander ocuparam, respectivamente, as três primeiras e a quinta posições.

Para o Dieese, a manutenção pelos grandes bancos brasileiros de elevados patamares de lucros e rentabilidade, a despeito do cenário econômico, tem ocorrido, nas últimas décadas, às custas da redução no nível de emprego e da imposição à sociedade de elevadas taxas de juros, tarifas abusivas e acentuada piora no atendimento. “Essa situação precisa ser amplamente debatida pela sociedade civil e pelo parlamento, pois sua persistência está comprometendo o desenvolvimento do país em bases sustentáveis e com distribuição de renda”, constata o documento do Dieese.
Do ponto de vista do emprego e das condições de trabalho, houve uma intensa deterioração de todos os indicadores. De junho de 2015 a junho de 2016, os cinco maiores bancos extinguiram 13.606 vagas. Esta redução tem causado a intensificação do trabalho (aumento da sobrecarga de trabalho). No mesmo período houve crescimento de receitas de prestação de serviços e tarifas.
Fonte: Diese

