Obrigar bancários a realizar prova de vida nas casas de beneficiários do INSS e até em hospitais faz parte da política de sucateamento do banco
O Banco do Brasil fez superintendentes de todo o país enviarem áudios aos gestores de agências para convencê-los a mandar bancários às casas de beneficiários, e até em hospitais, para realização de prova de vida. Uma ação sem segurança, sem vacina e sem amparo legal para tanto.
Recentemente, também abordando a questão dos beneficiários do INSS, o banco enviou boletim interno orientando os funcionários a aproveitar a prova de vida para venda de produtos e serviços.
O item 12.9 da Instrução Normativa sobre a realização de prova de vida pelo banco diz que ela “poderá ser realizada por funcionário BB fora do ambiente da dependência, em casos excepcionais, quando o beneficiário estiver impossibilitado de se locomover, ou estiver acamado/hospitalizado”.
Denúncias
Para o movimento sindical, o BB alterou a instrução, deixando um texto dúbio, para amparar a saída dos trabalhadores. Denúncias indicam tom de ameaça nos áudios para quem reclamasse ou se recusasse a fazer a prova de vida, havendo risco de perder o semestre no Conexão, na PLR e no PDG.
O Conexão e o PDG (Programa de Desempenho Gratificado) são programas de premiação de desempenho dos funcionários, medidos de acordo com metas definidas pelo banco. A PLR é a Participação nos Lucros e/ou Resultados, definida em Lei, na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria e no Acordo Coletivo de Trabalho específico do banco.
Sobre realização da prova de vida pelos funcionários do banco, ela só poderia ser feita nas dependências da agência e apenas para os beneficiários que têm conta no banco.
Pra o movimento sindical, mandar os bancários realizarem atendimentos fora das dependências das agências vai contra o que está estabelecido no contrato de trabalho. A Instrução Normativa alterada pelo banco para permitir este atendimento não tem amparo legal. Os funcionários não estão preparados para realizar este tipo de serviço e nem precisam se sentir obrigados a fazê-lo. São ações do governo que fazem parte da política de sucateamento e ataques ao banco e aos funcionários, visando conseguir emplacar privatização da empresa. Vale lembrar que, desde 2016, o BB já reduziu 17.518 vagas no quadro de funcionários, o que tem gerado cada vez mais sobrecarga de trabalho.
Serviços de assistência social
Colocar bancários para realizar serviços de assistência social e em ambientes fora do banco, sem que os mesmos tenham a devida capacitação, pode gerar sérias consequências para todos. Esta é uma responsabilidade do INSS, que atua com serviço social.
A questão é que o governo também sucateia o INSS e, por isso, este não consegue atender toda a demanda. Além disso, em plena pandemia, obriga as pessoas, muita vezes acamadas, ou impossibilitadas de se locomover, a realizarem prova de vida, colocando-as em risco. Depois, não quer ser responsabilizado pela morte das mais de 500 mil pessoas que morreram de Covid-19 no Brasil.
Fonte: Movimento Sindical