Encontro de bancários e jurídico do Sindicato, sobre Saúde do trabalhador

Ontem (24), na Sede do Sindicato,  no período de 18:30 às 21:30 horas, reuniram-se trabalhadores e Advogadas do Escritório Marcial, Pereira e Carvalho Advocacia, departamento jurídico do Sindicato, para um debate  sobre a “Saúde da Classe Trabalhadora nos Tempos Auais”.

Estiveram presentes 33 bancários de Ponte Nova e Região, que juntamente com as Dras. Cristiane Pereira (Trabalhista) e Janaína Braga (Previdência), refletiram sobre a saúde do trabalhador em tempos de crise.

Antes da reunião, no período da tarde, as advogadas atenderam as demandas dos bancários associados.

O evento fez parte do projeto do Sindicato, com o intuito de trazer informações importantes sobre direitos trabalhistas e previdenciários que vêm sendo debatidas no Judiciário, bem como esclarecer sobre propostas que pleiteiam o fortalecimento do direito do trabalho e do direito previdenciário e dos Sindicatos no Brasil.

Foi debatido as novas tecnologias e formas de adoecimento oriundos desta nova organização do mundo do trabalho, como também, proteção frente ao sistema desenfreado dos patrões na busca pelo lucro a qualquer custo.

A Dra. Janaina destacou a importância de debater as sequelas da Covid-19, visto que muitas pessoas desenvolveram diversas doenças mentais neste período de pandemia.

A Dra. Cristiane ressaltou que, segundo Maria Maeno, a cobrança pelo cumprimento individual de metas para manutenção do emprego causa medo no bancário, que teme ser demitido e não poder mais sustentar a família. Uma conjunção que gera uma epidemia de doenças mentais.

O evento foi transmitido pelas redes sociais, acompanhado por 79 internautas, e está disponível no youtube, através do link https://youtu.be/p3f0mLKzQwI

Metas abusivas e pressões constantes estarão na mesa de negociações da campanha salarial neste ano

As lesões por esforço repetitivo e os distúrbios osteomusculares (LER/DORT) ganharam a companhia de doenças relacionadas às questões mentais como problemas ligados ao trabalho dos bancários e bancárias em todo o país.

A mudança no perfil está intimamente relacionada às pressões por metas, acúmulos de funções e à sobrecarga que caracterizam a realidade da categoria.

Vária pesquisas mostram que as bancárias e bancários foram profundamente afetados pela pandemia. Segundo levantamento realizado pela Associação de Gestores da Caixa no Rio de Janeiro (Agecef-Rio) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado em março de 2021, 88% dos trabalhadores cariocas da Caixa Econômica tiveram sentimentos negativos, como ansiedade, depressão, angústia e pânico.

A avaliação com 900 gestores da estatal do Rio indicou ainda que 70% do pessoal trabalhou mais do que a jornada contratual durante a pandemia.

Além disso, 40% dos entrevistados disseram ter apresentado problemas psíquicos ou mentais nos últimos 5 anos e 98% atribuíram ao banco a origem desses transtornos. Não bastasse isso, 74% das pessoas ouvidas disseram se sentir assediadas nas agências.

Os números repetem a realidade apontada também por estudo apresentado em março deste ano pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).

De acordo com a pesquisa, 53% dos empregados já sofreram assédio moral e 47% já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas.

Isso mostra que  a forma de cobrança empregada pelos bancos tem custado a qualidade de vida de dezenas de bancários e bancárias.

Grande parte da remuneração e da pressão está atrelada à entrega de resultados diários e é comum que antes das 7 horas já recebam a meta do dia e que as cobranças sejam realizadas já ao meio-dia e à noite. O bancário tornou-se aquele que, na festa de domingo, ao invés de relaxar, tenta vender produtos para os familiares para bater a meta.

Tecnologia que prejudica

Com o avanço dos serviços das agências realizados em ambiente digital, a tendência seria de que o trabalho da categoria fosse facilitado. Porém, não foi o que ocorreu. Paralelo à possibilidade de muitas operações ocorrerem pela internet, também cresceram os métodos de vigilância e pressão nas agências.

O cenário faz com que as condições de trabalho se tornem pauta essencial nos diálogos com as entidades patronais, nesta Campanha Salarial.

Menos funcionários, mais lucro

Enquanto o mundo sofreu com a crise por conta da pandemia da covid-19, os cinco maiores bancos do país fecharam 2021 com lucro líquido acumulado de R$ 174,9 bilhões. Porém, desde 2020, quase 12 mil postos de trabalho e 3.180 agências foram fechadas.

A diminuição do pessoal, é mais um fator prejudicial à saúde no setor.

Quem fica, recebe pressão para atuar em dobro e suprir a ausência dos demitidos ou afastados de maneira que o ganho dos bancos siga alto sob o preço da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras.

Basta uma minoria de pessoas atingirem as metas e eles já sobem. Outra coisa é o fato de ter metas que não levem em conta as circunstâncias com as quais se trabalha. Não considerar a localização de uma agência numa região mais pobre na qual os clientes têm menos possibilidades de adquirir produtos já demonstra enorme gravidade. Especialmente numa realidade em que bancários se tornaram vendedores de produtos.

Suicídios preocupam

De acordo com o Dieese, entre 2012 e 2017, os bancos foram responsáveis por 15% dos afastamentos do trabalho devido a causas mentais.

Outro dado alarmante demonstra que, se em demais setores de atividade econômica do país a elevação da concessão de benefício por transtorno mental ficou em 19,4%, no setor bancário foi de 70,5%.

Não por acaso, uma pesquisa da Universidade de Brasília mostra números assustadores sobre o suicídio. Entre 1996 e 2005, 181 trabalhadores e trabalhadoras tiraram a própria vida, uma média de uma morte a cada 20 dias.

Fonte: SBPNR com informações do Movimento Sindical

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