Funcionária por sete anos da área de numerário do Itaú, passou a ganhar um quarto do que recebia no banco para cumprir jornada maior e fazer serviço bancário.
Ganhar um quarto do salário, cumprir jornadas exaustivas e ter pouquíssimos direitos. Este é o cenário relatado por uma ex-bancária, que trabalhou por sete anos no numerário do Itaú e, após grande parte da área ser transferida para uma empresa prestadora de serviços, encontrou emprego como terceirizada.
“Quando foram terceirizando a área, de imediato transferiram funcionários para as agências mais próximas das suas residências. Eu fiquei no setor, mas como houve transferência de pessoas adoecidas, perguntaram se eu e mais uma funcionária aceitaríamos ceder nossas vagas para o retorno desses trabalhadores ao numerário. Aceitei e, seis meses depois, fui demitida”, relata a ex-funcionária do Itaú.
Hoje ela trabalha na Protege, com passagem pela Transegur, e diz que está com a sua carreira estacionada. “Meu padrão de vida caiu radicalmente quando mudei do banco para a terceirizada. Passei a ganhar um quarto do que recebia no Itaú para fazer serviço bancário. Entrava 16h e saia 6h, 7h da manhã. Chorava todo santo dia. Tudo é menor. Quando você sai de férias ou tira licença-maternidade você não recebe vale-alimentação.”
As condições de trabalho na terceirizada que presta serviços para diversas instituições financeiras, inclusive para o Itaú, diferem muito daquelas que ela possuía como contratada direta do banco. “Quando cheguei na terceirizada me assustei, o pessoal parecia trabalhar em uma prisão.”
Para a ex-bancária, a liberação da terceirização da atividade-fim das empresas, seja por meio do PL da Terceirização ou através de julgamentos no STF (Supremo Tribunal Federal), é um meio de “boicotar a vida do trabalhador”. “É importante que as pessoas se mobilizem e lutem para que isso não aconteça. É um retrocesso.”
Para a diretora do Sindicato Valeska Pincovai, esse é um exemplo, dentre tantos outros, de que a terceirização só é interessante para os banqueiros. “Eles querem cortar postos de trabalho bancário para maximizar seus lucros, que já são altíssimos. Não podemos permitir que tenham carta branca, concedida pelo STF ou Congresso, para dilapidarem a nossa categoria, transformando todos em terceirizados. Para o Sindicato de SP, se a pessoa presta serviço para bancos, bancário é”, enfatiza a dirigente sindical e funcionária do Itaú.
Fonte: Seeb SP
