Greve atinge coração do Bradesco, a Cidade de Deus

Trabalhadores da matriz aderem à paralisação nacional da categoria que completa 17 dias nesta quinta; proposta de reajuste rebaixado, falta de auxílio-educação e temor por mudanças na aposentadoria são combustíveis que alimentam a insatisfação (Jair Rosa)

O coração do Bradesco, a Cidade de Deus, deixou de pulsar nesta quinta 22. Isso porque os cerca de 12 mil trabalhadores do local, entre bancários e terceirizados, cruzaram os braços, engrossando o 17º dia da greve nacional da categoria.

A concentração abriga setores estratégicos como call center, tecnologia, retaguarda da rede de agências e operações de crédito.

E muitas são as razões que levam os funcionários do Bradesco a aderirem à paralisação, entre elas o índice rebaixado oferecido pela federação dos bancos (Fenaban): 7%, que nem sequer repõe a inflação de 9,62% (INPC) para salários e vales refeição e alimentação; a ausência de auxílio-educação – o Bradesco é o único entre os cinco maiores bancos que não oferece bolsas de estudo aos funcionários –; e a dificuldade de manter o plano de saúde na aposentadoria.

VA e VR
Com mais de 20 anos de banco, um funcionário oriundo do Mercantil de São Paulo (comprado pelo Bradesco) revela que mesmo juntando os valores dos vales refeição e alimentação não dá para a compra mensal de supermercado. “Tenho esposa e uma filha pequena. Compramos o básico do básico e não dá para o mês todo. O ideal é que fosse uns R$ 1.500, ao menos”, afirma.

Hoje o VR é de R$ 29,64 pago por 22 dias ao mês, o que totaliza R$ 652,08. E o VA corresponde a R$ 491,52 mensais. Somados chegam a R$ 1.143,60. A categoria reivindica R$ 880 para cada um deles.

Bolsas
Uma funcionária, também com vários anos de Bradesco, diz que a irmã, bancária de outra instituição financeira, faz pós-graduação com parte da mensalidade custeada pela empresa. “Gostaria muito de voltar a estudar, mas sem esse tipo de incentivo não dá. Sei que o Sindicato sempre cobra do Bradesco que faça algo parecido. E não entendo porque o banco nega. É um investimento na gente, mas que seria revertido na nossa qualidade de trabalho. Todos ganhariam”.

Não tem arrego 
“Nossa greve é cada vez mais forte e não vai parar enquanto os bancos não melhorarem essa proposta”, avisa a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, em discurso em frente à Cidade de Deus. “E que fique bem claro: além de uma proposta digna, nossa luta é também contra todos os ataques que estão sendo feitos contra a classe trabalhadora: uma reforma da previdência que quer impor idade mínima de 65 anos tanto para homens como para mulheres, contra a terceirização ilimitada e outras ameaças. Não aceitamos nenhum direito a menos.”

Fonte: Seeb SP

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