Milhares de manifestantes ocuparam as ruas no Brasil, a avenida Paulista na tarde desta quarta (15), em São Paulo, numa consagração cívica do Dia Nacional de Protesto e Paralisações contra as reformas neoliberais. Dirigentes de Centrais e outras lideranças classistas fizeram um balanço positivo da manifestação unitária e nacional. O acúmulo vitorioso do protesto cria condições para greve geral, ideia que prospera nos círculos dirigentes do sindicalismo e dos movimentos sociais.
PROFESSORES
O dia 15 marcou também o início da greve nacional dos professores, decidida em janeiro, contra os ataques das reformas neoliberais e em defesa da aplicação integral da Lei do Piso (de 2008), que estabelece salário normativo nacional para os Educadores e define a jornada, incluindo a chamada hora-atividade.
DICOTOMIA
Experiente consultor sindical, João Guilherme Vargas Neto destaca o caráter unitário e nacional das manifestações. Em sua avaliação, o protesto superou as expectativas. Ele também chama atenção para a dicotomia que marca este dia 15. “Enquanto a pauta do povo era a resistência à reforma da Previdência, governo e Congresso, em Brasília, miravam seus cuidados em direção à lista do procurador-geral Rodrigo Janot”, comenta.
Desde as 5h30, a Agência Sindical acompanhou as mobilizações. Seguem testemunhos de sindicalistas presentes nos atos em diversas partes do Brasil.
Relato
João Franzin, jornalista da Agência Sindical, esteve na avenida Paulista e relata: “Vi uma imensa quantidade de pessoas, representando categorias, entidades de classe, movimentos populares, coletivos culturais e partidos políticos do campo da esquerda. Muitas mulheres e muitos jovens. Mas também pessoas de categorias obreiras, como metalúrgicos, construção civil, condutores e muitos servidores públicos. O semblante das pessoas era de alegria e êxito. Um velho ativista sindical comentava que o povo, finalmente, havia retomado a ofensiva”.
FST
Coordenador do Fórum Sindical dos Trabalhadores, Arthur Bueno de Camargo esteve nas manifestações desde as 4h30 desta quarta (15). Ele comentava no meio da tarde: “O relato que chega de companheiros de Confederações e Federações dá conta de muitos atos, e atos de peso, por todo o País. O terreno começa a ficar propício a uma greve geral”. O Fórum, que hoje reúne 20 Confederações, passa por uma fase de ampliação junto às Federações filiadas e aos Sindicatos de suas bases.
São Paulo
O presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, participou do protesto nos Correios e na Sabesp. “A adesão foi muito forte. Estive em base do Sintaema, na Zona Sul, e lá parou tudo”, destaca.
A capital paulista amanheceu sem ônibus e sem metrô. Luiz Gonçalves (Luizinho), presidente da Nova Central SP, diz: “Meu setor, que é o de transporte urbano, aderiu em peso. Garagens todas paradas. Estamos acumulando forças pra uma greve geral”. A rodovia Presidente Dutra teve bloqueios em vários trechos da região metropolitana.
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Jorge Carlos de Moraes (Arakém), conta: “Paramos a Deca bem cedinho. Saímos da Zona Oeste pra Zona Sul, onde ocupamos a Ponte do Socorro, com metalúrgicos, químicos e outras categorias”.
Guarulhos/SP
José Pereira dos Santos, presidente dos Metalúrgicos, comenta: “Fizemos atos em diversas fábricas, juntando cerca de cinco mil trabalhadores. É forte o sentimento contra as reformas e em defesa dos direitos. A mobilização precisa continuar”.
Ceará
Raimundo Nonato, presidente da Força Sindical no Estado, ressalta: “A Força concentrou a mobilização na avenida Abolição, mas houve atos em diversos locais”.
Paraná
Professores, motoristas e cobradores de ônibus, servidores municipais, funcionários da limpeza, policiais civis, servidores estaduais da saúde, bancários e metalúrgicos aderiram em massa à paralisação. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Nelson Silva de Souza (Nelsão), informa: “Mobilizamos cerca de 20 mil metalúrgicos, que paralisaram as maiores empresas por períodos de duas a três horas”.
ALEP
Também houve audiência pública sobre a reforma no plenarinho da Assembleia Legislativa, com participação de deputados, sindicalistas, associações de magistrados e de procuradores. Foi aprovada a carta do movimento “Todos contra o fim da aposentadoria”, que exige uma auditoria nas contas da Seguridade Social. “A ideia é esclarecer os trabalhadores e a sociedade sobre o que é a reforma da Previdência. Mostrar que vai haver prejuízo”, diz Nelsão.
Bahia
Salvador parou na manhã desta quarta (15). “Na região do Iguatemi, perto da Rodoviária, muita gente na rua. Parece com o Carnaval”, comentou o presidente da CTB Adilson Araújo. Dirigente bancário no Estado, ele estava em contato com sindicalistas locais.
Fonte: Repórter Sindical
