Afirmação é do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto
As transformações digitais vão levar a um sistema financeiro mais inclusivo e mais barato, afirmou nesta sexta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante o Fórum Brasil Investimentos, em São Paulo.
De acordo com o chefe da autoridade monetária, ao longo das décadas, com o desenvolvimento da indústria financeira e as várias crises no país e no mundo, os bancos ganharam escala e a concentração do setor aumentou. Esse fenômeno ocorreu em várias partes do mundo, mas o momento é de nova mudança de cenário.
Para Campos, “o movimento de tecnologia é exponencial, os custos seguem padrão de queda”. Nos últimos anos, “começou a ser muito barato produzir dados e logo depois ficou muito barato guardar os dados, com a nuvem”. O presidente do BC acrescentou ainda que “o pulo do gato foi quando ficou barato manipular dados”.
Há alguns anos, “pensando num banco tradicional, os bancos tinham grandes pilares que serviam como barreira de entrada, como ser uma plataforma fechada, ter balanço com capacidade de emprestar e também ter a capacidade de transformar o ‘duration’ do balanço, de alavancar”.
O presidente do BC também destacou que, no modelo tradicional de instituições de varejo, outra barreira era “a rede de contatos, de agências, que é a capilaridade que os bancos têm”.
As mudanças digitais, porém, começam a derrubar essas barreiras. “Essa capilaridade deixou de ser um ativo e, em alguns casos, virou um passivo, com a rede de agências representando um custo”.
Segundo Campos, com as plataformas abertas ficou difícil cultivar a mentalidade fechada que perdurou durante algum tempo.
O presidente do BC ressaltou que “o balanço ainda é uma fortaleza dos bancos e a capacidade de alavancar ainda é uma barreira de entrada”. Campos, porém, reforçou que a atuação das fintechs no crédito tem crescido e que essas instituições atuam em vários mercados em que os bancos tradicionais não operavam.
“Monopólio de dados é também uma grande barreia de entrada, porque o business de crédito é uma informação assimétrica.”
Essa questão tem sido discutida pelo BC nos projetos do cadastro positivo e no open banking, “que é uma grande forma de diversificar o monopólio de dados”.
Fonte: UOL

