‘Reforma trabalhista aumentará a desigualdade no Brasil’

Para professor da Unicamp Guilherme Mello, Brasil também precisa discutir um novo modelo de distribuição de renda

‘A massa salarial não irá crescer, ou seja, não haverá crescimento econômico’, alerta o economista

Além de precarizar a situação do trabalhador, a reforma trabalhista de Michel Temer (Lei 13.467) também aumentará o abismo da desigualdade social no Brasil. Essa é a análise de Guilherme Mello, economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em entrevista à Rádio Brasil Atual, destacada em reportagem da Rede Brasil Atual.

O especialista destaca que, ao invés de se pensar em tirar de quem tem menos, a necessidade é de se discutir uma forma de distribuir mais renda, por meio de uma reforma tributária. “A reforma trabalhista dá mais benefícios aos quem têm mais, e tira de quem tem menos. A massa salarial não irá crescer, ou seja, não haverá crescimento econômico. Essas medidas só atacam quem tem menos e pioram a distribuição de renda”, critica.

O economista também comentou a projeção do banco Credit Suisse, em que o número de milionários brasileiros pode aumentar em 81% até 2022. De acordo com Guilherme, o golpe de 2016 tem influência nos dados.

“Essa tendência de concentração aparece em todos os países, a questão é: o que o Estado fará para mitigar essa tendência? Como aqui, depois do golpe, se ajuda muito os ricos, a tendência é crescer o número de super ricos e também o número de pobres. Não teria problema ter mais milionários se houvesse, ao mesmo tempo, mais renda para os pobres e a classe média”, explica.

Ele lembra que a concentração de renda interfere no crescimento econômico, pois os ricos aplicam seus recursos no mercado financeiro, sem investir na criação de empregos. O professor também afirma que a distribuição de renda é provedora de bem estar social.

“As pessoas acham que a ideia é distribuir a pobreza, mas não é isso. Há condições de ter distribuição da riqueza e gerar crescimento econômico. A ideia de você ter uma sociedade mais igualitária é positiva também para o funcionamento do tecido social. Uma sociedade muito desigual é mais violenta, radicalizada”, diz.

Ouça a entrevista:

https://soundcloud.com/redebrasilatual/efeitos-das-reformas-afetam-principalmente-os-mais-pobres

Fonte: Rede Brasil Atual

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